Pernambuco está mais preto, mais pardo e mais indígena. Dos 9.058.931 habitantes de Pernambuco, 55,27% do total, o equivalente a 5.006.802 pessoas, se declaram pardos. Em segundo lugar, 3.043.916 pernambucanos (33,6%) se identificaram como brancos, 909.557 como pretos (10,4%), 106.646 como indígenas (0,92%) e 13.225 como amarelos (0,15%). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os que se declaram pretos, houve um crescimento de 59% em relação ao censo anterior, de 2010. Entre indígenas, o crescimento foi ainda maior, de 74,8%, e de 2,9% entre pardos. Houve uma queda de 5,6% da população branca. Em números absolutos, a população total de Pernambuco cresceu apenas 3%.
No cruzamento feito pelo IBGE entre cor ou raça e faixa etária, a autodeclaração parda teve maior participação relativa entre os jovens. A faixa etária de 15 a 29 anos foi a que mais se declarou parda (57,2% do total da faixa etária) e que menos se identificou como branco (31,37%). O grupo de zero a 14 anos teve a segunda proporção mais significativa de pardos (56,98%).
A faixa de 75 anos ou mais foi a única em que menos de 50% pessoas se declararam pardas (45,97%). Também foi o recorte por idade com mais pessoas brancas (42,85% do total).
O grupo de zero a 14 anos também se destaca ao apresentar o menor percentual de pessoas pretas (6,35%) e o maior percentual de indígenas (1,1%) entre todas as faixas etárias. Os pernambucanos de 45 a 59 anos tiveram a maior proporção de pessoas pretas (11,75%).
Mas não se pode afirmar, ainda, que mais pessoas estão mudando a forma como se autodeclaram. “Não conseguimos cravar essa afirmação agora. O que conseguimos fazer hoje é este retrato de quem se declarou o quê. As análises específicas sobre a reorganização étnico-social do estado só será possível com outros dados, como o de migração, por exemplo”, explica coordenador técnico do Censo 2022 em Pernambuco, João Marcelo Santos. A previsão do IBGE é de divulgar toda a avaliação do Censo 2022 até o final de 2024.
Ao contrário de outras pesquisas, como a PNAD, o Censo não junta pretos e pardos. “É a única pesquisa do IBGE que não é amostral: vai em todos os domicílios, tem uma precisão nos dados. Por conta disso, pela precisão, as populações menores não ficam vulneráveis, estatisticamente falando”, explica João Marcelo. Esses dados, mais precisos, são os que vão guiar as políticas públicas de municípios, estados e do Governo Federal, em áreas importantes como saúde e educação.
Municípios pernambucanos
- Em Pernambuco, Frei Miguelinho, no Agreste, é a cidade com maior proporção de pessoas brancas entre sua população (54,34%). Este também foi o município onde havia apenas 2,23% do total dos habitantes pretos, o menor percentual do estado.
- Mirandiba, no Sertão, foi o local com mais pessoas pretas: 21,14% da população.
- Em Carnaubeira da Penha, no Sertão, 77,11% da população se declarou indígena, o maior percentual entre os municípios pernambucanos. Este município também é o local onde há menos pessoas brancas (4,08%) e menos pardas (15,61%) de Pernambuco.
- Em Salgadinho, Belém de Maria e Barra de Guabiraba, no Agreste, e em Chã de Alegria, na Zona da Mata, nenhum habitante se declarou indígena.
- O município com mais pardos – 78,05% do total – foi Manari, no Sertão. Entre a população amarela, o Recife tem o maior número absoluto (2.703 pessoas) e Granito, no Sertão, tem a maior proporção (0,44%) entre a sua população.
Mais mulheres pardas
O IBGE também divulgou números do cruzamento de dados por sexo e cor ou raça. As mulheres pardas são o grupo mais numeroso em Pernambuco, com 28,77% do total da população. Em seguida, aparecem os homens pardos, com 26,5% de todos os pernambucanos. As mulheres brancas vêm na sequência, com 18,03% dos pernambucanos, seguidas pelos homens brancos (15,57% do total).
No recorte por sexo, as pardas são 55% das 4,7 milhões de pernambucanas, seguidas pelas brancas (34,47%), pelas pretas (9,45%), pelas indígenas (0,9%) e pelas amarelas (0,16%). Já os homens pardos totalizam 55,55% dos 4,3 milhões de pernambucanos do sexo masculino. Na sequência, estão os brancos (32,65%), os pretos (10,69%), os indígenas (0,95%) e os amarelos (0,13%).
Quanto à razão de sexo, que avalia a proporção de homens e mulheres em uma população, Pernambuco tem, em média, 91,21 homens para cada 100 mulheres, enquanto o Brasil e a região Nordeste tiveram respectivamente 94,25 e 93,54 homens para cada cem mulheres.
Brasil mais pardo que branco, pela primeira vez
Pernambuco segue uma tendência nacional. Os dados do Censo 2022 do Brasil mostram que cerca de 92,1 milhões de pessoas (ou 45,3% da população do país) se declararam pardas. Foi a primeira vez, desde 1991 quando começa a atual série histórica, que esse grupo predominou em um censo. Outros 88,2 milhões (43,5%) de brasileiros se declararam brancos, 20,6 milhões (10,2%), pretos, 1,7 milhões (0,8%), indígenas e 850,1 mil (0,4%), amarelas (orientais).
A região Norte registra o maior percentual de pardos (67,2%), a região Sul mostrou a maior proporção de brancos (72,6%) e o Nordeste tem o maior percentual de pretos (13,0%).
Imagem: Arnaldo Sete/Marco Zero Conteúdo