Campanha quer mais segurança nas APSs


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Sindsprev lança campanha por mais segurança

em Agências da Previdência Social


Após o atentado contra os servidores na APS do Cabo de Santo Agostinho, na última segunda-feira, o sindicato pediu para a superintendência ações imediatas para dar mais proteção para a equipe



 

Um dia após um segurado ter ameaçado servidores da Agência da Previdência Social do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, com uma faca e ter sido autuado pela Polícia Federal, os dirigentes do Sindsprev estiveram na APS para conversar com servidores e exigir da Superintendência do INSS medidas imediatas que possibilitem reforço na segurança nos locais de trabalho. " Sabemos que a crise chegou, mas não podemos deixar que a vida das pessoas fique em perigo. O número de casos de violência em APSs está aumentando. Em Salgueiro, já teve até tiro " , denunciou o coordenador geral do sindicato, José Bonifácio do Monte, ao lançar a campanha.


Na última segunda-feira (06), o soldador Luiz Delfino da Silva, de 45 anos, procurou a agência tentando antecipar a perícia médica marcada para o próximo dia 17. De acordo com os servidores, ele já chegou nervoso, subiu para a parte de atendimentos, não pegou senha, foi até o guichê e disse que queria fazer a perícia. José Gomes da Silva, Seu Deca, funcionário da APS há 34 anos, explicou que isso não poderia ser feito porque o agendamento era para a próxima semana. Revoltado, o homem abriu a bolsa, pegou uma faca do tipo peixeira e foi atrás do funcionário. " Ele veio atrás de mim dizendo que ia me matar. Mas eu não tenho culpa. Ninguém tem " , desabafou. Enquanto Seu Deca corria para escapar do segurado, outro funcionário, Raimundo da Silva Gomes, tentava acalmá-lo. " Eu estava indo buscar um papel na impressora e, quando vi o que estava acontecendo, fiquei muito preocupado. Disse ao rapaz para ele se acalmar, pedi para soltar a faca, deixar Seu Deco ir, foi então que ele me pegou pelo pescoço e disse que ia me matar " , detalhou Raimundo. Depois de manter o funcionário sob ameaça e em cárcere privado, trancado em uma sala, o homem foi preso pela Polícia Militar e levado para a sede da Polícia Federal.


De acordo com a PF, a negociação para libertação dos reféns durou cerca de 20 minutos após a chegada da PM. Por sorte, ninguém ficou ferido. O suspeito foi autuado em flagante por ameaça e cárcere privado, cujas penas podem variar de um a três anos de prisão, além de multa. O crime é afiançavel e foi arbitrada uma fiança de R$ 2.460, considerando a infração, as condições financeiras do suspeito e a vida pregressa.


Para a polícia, Luiz Delfino disse que tomava remédio controlado e que sua intenção nunca foi ferir os trabalhadores. Em depoimento, ele disse que só queria dar um susto no funcionário e chamar a atenção da mídia para seu problema. Sem dinheiro, ele não tinha como sustentar a família. O soldador recebe benefício do INSS devido a um acidente de trabalho que ocasionou uma lesão no ombro. Ele estava com a perícia marcada para revalidar o benefício e, por isso, o pagamento referente ao mês de junho foi suspenso até a realização do exame.


O caso do Cabo de Santo Agostinho, no entanto, não foi o único. No último dia 31, quando os servidores estavam mobilizado no Grande Ato contra a Reforma na Previdência Social, uma segurada de Caruaru, no Agreste, ficou indignada após sua perícia médica ter sido remarcada e atirou uma pedra na porta da agência. Apesar de ter quebrado a porta de vidro, a pedra não acertou funcionários. Ainda assim, imagens do circuito interno de segurança da APS registraram toda a ocorrência e a mulher, uma vendedora autônoma de 27 anos, foi detida e levada para a Polícia Federal. Ela foi autuada por dano ao patrimônio, pagou fiança de R$ 500 e foi liberada para responder pelo crime em liberdade.

 

MAIS SEGURANÇA

Durante a reunião do coordenador geral, José Bonifácio, e do secretário de Imprensa e Comunicação, Marcondes Carneiro, com servidores da APS, os funcionários informaram que não foi a primeira vez que atos de violência colocaram em risco  suas vidas. O superintendente interino do INSS e o gerente da Gerência Executiva Recife também estiveram no local para ouvir os servidores. O próximo passo é um encontro entre a entidade sindical e o órgão para definir os prazos para a instalação de melhorias na unidade.


" Eu não sei o que estão esperando acontecer para fazerem algo. Fora todos os problemas estruturais, como o sistema que não funciona, ainda ficamos aqui inteiramente expostos. Eu tenho minha vida, tenho família, tenho muita coisa para viver " , desabafou uma funcionária que preferiu não se identificar. O gerente da APS, Francisco Antônio da Silva, destacou algumas mudanças que podem ser feitas para minimizar os riscos. " Uma arquiteta já esteve aqui e fez um projeto novo de layout da agência, mas nada foi realizado porque disseram que não havia dinheiro. Aqui, nem rota de fuga nós temos. É preciso repensar também a vigilância. Nosso guarda é patrimonial e trabalha desarmado. Temos um detector de metal que não funciona com precisão. Não aconteceu nenhuma tragédia porque Deus não quis " , concluiu.


 

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