Modelo de gestão do trabalho no INSS é avaliado


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Estudo da UnB sugere mudanças no

estilo de gestão do trabalho no INSS

 


Individualista e normativo. Assim é descrito o estilo de gestão do trabalho em vigor no INSS. A constatação é dos professores do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho da Universidade de Brasília, Dr. Emílio Facas e Dra. Ana Magnólia Mendes, coordenadores da pesquisa “Modelo de Gestão Coletiva da Organização do Trabalho”, realizada com 375 servidores do órgão.


Os resultados preliminares desse estudo foram apresentados na sexta-feira (21) a representantes sindicais do INSS e dirigentes do Sindsprev-PE, no auditório do CFL. A expectativa dos coordenadores da pesquisa é finalizar a avaliação dos dados colhidos através de questionários e entrevistas no final de março. Os resultados servirão para a apresentação de propostas de reestruturação do modelo de gestão do trabalho no INSS.


A pesquisa se baseia  em duas técnicas distintas de coleta de dados, aplicação do Protocolo de Avaliação de Riscos Psicossociais no Trabalho (PROART) e entrevistas coletivas com roteiro que contemplou os temas referentes à organização do trabalho. Os resultados apontam como grave o predomínio dos estilos de gestão Individualista e Normativo, focado na figura do gestor e em normas de trabalho rígidas e engessadas, em detrimento aos modelos Coletivista e Realizador, que envolvem todos os atores na organização e execução das tarefas e dão mais autonomia e liberdade aos trabalhadores.


Emílio Facas destaca que o atual estilo de gestão é causa de danos psicológicos e físicos e gera vivências de indignidade nos servidores. É comum nos trabalhadores sentimentos de injustiça na distribuição das tarefas e a sensação de que é insuficiente o número de servidores para a carga de trabalho. As conseqüências físicas disso são o alto índice de trabalhadores com dores nas costas e braços e com alterações no sono. Em 73% dos servidores o dano físico já está instalado, e 43% apresenta danos psicológicos, como mau-humor, tristeza e amargura. Outro dado espantoso é que 71% dos servidores admitem que trabalham mesmo estando doentes.


Os resultados das entrevistas confirmam os encontrados pela aplicação do PROART. As falas dos servidores evidenciam as intrínsecas relações entre as categorias – organização do trabalho, condições de trabalho e modos de gestão – e o desempenho dos servidores do órgão. O modo como o órgão tem se estruturado desde o seu surgimento e a dificuldade na descrição dos cargos tem levado a constantes acúmulos de função assim como sobreposição de cargos, estando também a falta de mão de obra atrelada a essa divisão do trabalho.


Segundo os coordenadores da pesquisa se faz necessária a reestruturação do modelo de gestão do trabalho no INSS. Sugere-se um modelo coletivista-realizador, que valorize as decisões e o trabalho coletivo entre todos os atores organizacionais, bem como que favoreça a interação profissional e a promoção de um maior bem-estar das pessoas e a valorização do reconhecimento do trabalho executado pelo servidor.

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