Nova estrutura sindical com liberdade e autonomia


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13ª Plenária Nacional da CUT

Liberdade e autonomia sindical: Por uma nova estrutura sindical


A Central Única dos Trabalhadores deu início na noite desta terça-feira, 04/10, à 13ª Plenária Nacional, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. O discurso do presidente da CUT, Artur Henrique, resumiu o sentimento geral e deixou claro que a transformação expressa no tema desta edição – “Liberdade e autonomia sindical – Por uma nova estrutura sindical” – não significa um retrocesso na atuação combativa da maior central sindical da América Latina e quinta do mundo, mas sim a ampliação da luta para construção de um país mais justo e democrático.


“A ousadia da juventude deve contagiar nossa luta pela transformação rumo ao socialismo, para fazer com que no próximo período estejamos ainda mais empenhados e unidos para levar a todo o país a nossa plataforma do desenvolvimento”, disse.


Artur exortou os mais de 600 delegados presentes à Plenária Waldemar de Oliveira, a “construir alternativas contra-hegemônicas ao neoliberalismo”, frisando que isso pressupõe “diálogo, democracia e respeito às entidades”, pois “não basta só ter crescimento econômico”. Afinal, ressaltou, de que adianta crescimento sem justiça social, “com trabalho escravo e infantil, com a multiplicação de mortos em acidentes de trabalho?”. “Não é assim que queremos chegar a ser a terceira ou quarta maior economia do mundo”.


O presidente cutista disse que se sentia feliz “ao ver a presidenta Dilma dando lições aos governos europeus, alertando que eles não devem fazer o que o Brasil já fez e não deu certo, como reduzir salários e direitos, e cortar investimentos. Agora, alertou, “a presidenta precisa avisar o Banco Central, que tem mantido uma política contra o salário e a renda dos brasileiros”.


Mobilização grevista


Depois de parabenizar os trabalhadores bancários e dos correios que lutam por ganho real, Artur condenou a política de privatização dos aeroportos, além de frisar que a plenária irá potencializar a mobilização em defesa da pauta da classe, “que é a da redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, o investimento de 10% do PIB na educação, contra os leilões de petróleo, em defesa de 50% dos recursos do pré-sal para a educação, ciência, tecnologia e seguridade social; pela valorização dos serviços e dos servidores públicos”


O grande desafio colocado para o sindicalismo cutista no próximo período, enfatizou Artur, é a popularização da plataforma do desenvolvimento, fazendo com que ela seja levada a todos os 5.565 municípios brasileiros. Fazendo isso, disse, a CUT estará cumprindo com o 1º eixo da sua estratégia de disputar a pauta com o capital, defendendo a reforma política, a reforma agrária e tributária, o aprofundamento da democracia e da solidariedade.


Na avaliação do líder cutista, fortalecer a nova estrutura sindical, a luta por liberdade e autonomia, é essencial para que “os trabalhadores tenham direito de se organizar sem interferência de partido, governo, Estado ou de quem quer que seja”. Para isso, destacou, é também necessário garantir uma legislação contra práticas antissindicais e fortalecer a negociação coletiva.


“A CUT surgiu para defender os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Os imediatos, garantimos com nossa ação cotidiana, com greves, mobilizações, atos e passeatas. Já os interesses históricos têm a ver com a nossa estratégia, com o modelo de desenvolvimento que vamos afirmar e construir, rumo ao socialismo. Somos fortes, somos CUT!”, sublinhou.


Abertura

 

A noite foi repleta de grandes momentos, a começar pela abertura com a interpretação do hino nacional pela Orquestra Pimentinhas, formada por jovens do bairro dos Pimentas, na periferia de Guarulhos.


Responsável por conduzir a cerimônia, a atriz Elisa Lucinda iniciou a apresentação com um texto em que apontava os princípios dessa nova estrutura sindical defendida pela CUT, principalmente a substituição do imposto sindical por uma contribuição negocial definida pelos trabalhadores e a liberdade para que possam escolher quais entidades sindicais devem representá-los.


E foi justamente o samba-enredo “Liberdade, Liberdade! Abra as Asas Sobre Nós” que serviu de tema para que representantes da juventude cutista entrassem com placas representando tijolos no formato das regiões do Brasil. Mais uma alusão a uma central em construção que depende muito da atuação desses novos militantes.


A intervenção contagiou o auditório lotado, da mesma forma que a homenagem a Waldemar Oliveira, ex-presidente da Conticom (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira), morto em abril deste ano e aplaudido de pé pelos trabalhadores quando sua história foi contada no telão do local.


“É muito emoção saber que não esqueceram dele. Ele adorava o que fazia, os trabalhadores para ele eram tudo”, comentou emocionada Leila Santana de Oliveira, viúva do operário baiano que deixou seu estado muito cedo para tentar a vida na construção civil.


Aliança com movimentos sociais


Secretário Geral da Central, Quintino Severo ressaltou a importância da plenária diante da atual conjuntura do Brasil e do mundo. “Enfrentamos um momento difícil em que é necessário nos organizamos para lutarmos por liberdade e aprofundarmos a defesa da autonomia sindical. Para isso, devemos reorganizar nosso projeto político e organizativo como meio de nos posicionarmos diante dos desafios do mundo globalizado e em transformação.”


Secretária da Juventude da CUT, Rosana de Deus, destacou o respeito à diversidade em todos os aspectos e a responsabilidade de todos eles para dar continuidade à luta da classe trabalhadora.


Escolhida para falar em nome da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT, fez um resgate da “ousadia de trabalhadores e trabalhadoras que decidiram construir com a sua luta e história um novo país. “Este compromisso de enfrentar a adversidade e combater pela democracia “com cara e coragem”, ressaltou Rosane, desembocou na eleição do primeiro operário presidente do Brasil e depois na primeira mulher presidenta”. “Cada conquista até aqui tem a cara das mulheres, dos movimentos do campo, do movimento sindical e estudantil. “E a CUT é uma peça fundamental para continuarmos avançando em direção à reforma política, à reforma tributária, à reforma agrária e a novas e maiores transformações para o Brasil e para o povo brasileiro”, destacou em nome da CMS.

 

Já o integrante da Coordenação Nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Paulo Rodriguez, reafirmou o compromisso da aliança política das duas organizações e citou bandeiras conjuntas. “Temos consciência que o MST só chegou onde chegou graças à solidariedade de vários atores dos movimentos sociais, principal a CUT que temos como irmã. Não temos dúvida de que devemos nos somar a outras bandeiras como a luta pela redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salários, a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação, a defesa de um Código Florestal que não atenda somente ao interesse do agronegócio e, principalmente, a bandeira da reforma agrária. Dessa forma faremos avançar a luta dos trabalhadores no campo e na cidade”, defendeu.


Secretário da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas), Rafael Freire, mencionou a importância da Central em âmbito internacional. “A CUT é a principal disseminadora de políticas sindicais nas Américas e exemplo disso é a ajuda que o sindicalismo sul americano pede para repetir as vitórias que vocês construíram no Brasil.”


Muitas histórias – O deputado federal Vicentinho (PT-SP) arrancou risos ao lembrar histórias do Conclat (Congresso da Classe Trabalhadora), que neste ano completa 30 anos, e citou o que diferencia a Central Única dos Trabalhadores das demais centrais. “Não é a CUT que faz conchavo com patrão para depois negociar com as centrais. Não é a CUT que trai interesses da classe trabalhadora, inclusive no Congresso.”


Dirigente histórico da Central e atualmente ligado à Secretaria Geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo, definiu-se como um representante do movimento sindical no governo, ressaltou os espaços do diálogo entre trabalhadores e governo, e indicou aquela que pode ser a primeira grande vitória do governo Dilma: a conclusão do compromisso na área da construção civil. “Pasmem, que garantirá a organização no local de trabalho”, concluiu.


A 13.ª Plenária Nacional continua até a próxima sexta-feira, 7 de outubro.

 

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