Falta de proposta
Governo promete, mas não apresenta proposta concreta para reajuste do funcionalismo
O governo prometeu, mas não cumpriu. Os representantes dos servidores públicos federais saíram ontem de mãos abanando do Ministério do Planejamento. O secretário de Recursos Humanos, Duvanier Ferreira, havia prometido entregar aos sindicalistas a proposta de reajuste das carreiras do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE), Previdência, Saúde e Trabalho (CPST) e carreiras correlatas, espalhadas pelos diversos ministérios. As reuniões com diversas categorias foram até o fim da noite, mas nada foi apresentado.
Ferreira já havia adiantado que seriam contemplados os três níveis (superior, intermediário e auxiliar), além dos aposentados e pensionistas. Mas avisou que o Planejamento estava trabalhando “no seu limite”. Os servidores dessas carreiras — 420 mil, entre ativos e inativos — querem a extensão da tabela prevista na Lei nº 12.277/10, que beneficiou cinco cargos de nível superior — engenheiros, arquitetos, biólogos, economistas e estatísticos — com aumentos de 78%.
A legislação estendeu aos cinco cargos parte dos generosos aumentos que o governo Lula concedeu entre 2008 e 2010 às carreiras típicas de estado, com percentuais que chegaram a ultrapassar 100%, caso dos servidores das agências reguladoras, gestores e advogados da União. Mas agravou as distorções salariais entre os demais servidores de mesmo nível, que estão na ponta do atendimento à população. “Todos que atendem diretamente ao público estão com os salários defasados”, afirmou um representante dos servidores.
A previsão inicial era de que a proposta do Planejamento fosse entregue ao meio-dia de ontem. Mas Ferreira passou o dia reunido com diversas categorias e não cumpriu o acordo. A proposta não foi colocada sobre a mesa de negociação com os representantes sindicais. “Sem proposta concreta, os funcionários não têm como determinar os rumos da negociação”, afirmou Costa, no início da tarde.
O secretário de Recursos Humanos do Planejamento tem reforçado, em todas as conversas com representantes do funcionalismo, que o governo está sem recursos para conceder o reajuste pleiteado. O temor dos servidores é de que as negociações sejam levadas em banho-maria até 31 de agosto, quando o projeto do Orçamento de 2012, que inclui as despesas com pessoal, será enviado ao Congresso.
*Fonte: JORGE FREITAS – CORREIO BRAZILIENSE
Publicado dia 19 de agosto
Mais um dia de enrolação
Mede-se o caráter pela sua postura, comportamento, atitudes, idéias, ações, etc. Como definir o caráter do RH do Planejamento que mais uma vez enrolou o conjunto dos servidores ao não apresentar proposta alguma para reajustes? Dilma aposta na força do judiciário para brecar e punir possíveis greves do funcionalismo.
Ao mesmo tempo em que enrola os servidores, Dilma se apressa em dizer que vai liberar as emendas represadas aos parlamentares e manda a ministra “fraquinha” negociar o que puder para acalmar a ira dos abatidos pela descoberta das maracutaias nos ministérios. Impedidos de continuar a roubalheira, muitos ameaçam abandonar a base aliada naquele estilo “não brinco mais”.
Desde a briga com Lula em 2033, foram necessários oito anos para que o funcionalismo tivesse outra vez uma mobilização intensa. Vamos ver no que vai dar essa queda de braço entre o governo que, por birra não cede, e os servidores, que amargam defasagem salarial, pelo menos a inflação e direto à data base, como qualquer trabalhador. Ainda restam alguns dias para que os servidores consigam alguma coisa. Quem sabe, até lá, o governo resolva atender, em parte, algumas reivindicações.
Deputado chama servidores de casta de privilegiados” e “amantes de uma boquinha”
O deputado Silvio Costa, relator do PL 1992/07, que institui a Previdência Complementar dos Servidores, num ato de ira e destempero, chamou os servidores de “casta de privilegiados” e “amantes de uma boquinha”.
O contexto foi a pressão do funcionalismo contra o PL que evitou sua votação na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados no dia 16. O deputado Silvio esqueceu qualquer noção de civilidade ao ofender os servidores e mostrou sua ignorância diante de pressão, natural em qualquer exercício profissional.
O destempero do deputado dá bem uma amostra do que é o nosso parlamento. Governo e parlamentares ofendem quando contrariados ou pressionados. Quando o caldeirão ferver e a panela de pressão estourar vão, na maior cara de pau, tentar criminalizar os servidores pelas conseqüências.
*Fonte: VERA RITTER – INFO DF
Publicado dia 19 de agosto