A imprensa dos trabalhadores, na sociedade capitalista, tem o papel de se contrapor às idéias dominantes. Se contrapor às idéias hegemônicas para arrancar vitórias imediatas e de longo prazo. Ela PODE ser uma imprensa contra-hegemônica. PODER não quer dizer que ela o faça. É uma enorme possibilidade que não pode ser desperdiçada.
Desde o começo da história da classe trabalhadora, em nosso país, a Imprensa Operária sempre teve um papel central. De 1875 a 1930 foram criados mais de 500 jornais operários. Em 1919, existiram, no Brasil, dois jornais diários feitos e distribuídos entre os trabalhadores: A Plebe e A Hora Social. Em 1946 existiam oito jornais diários ligados ao PCB, usados para a politização em fábricas, estaleiros, escritórios, bancos e ferrovias. Durante a Ditadura militar foi a vez da Imprensa Alternativa e de centenas de jornaizinhos clandestinos distribuídos em fábricas e bairros.
Com o renascimento da atividade sindical e a explosão das greves, em 78, floresceu uma enorme quantidade de jornais sindicais. Esta lmprensa Sindical, de 1980 a 2000 foi muito importante no combate à onda neoliberal.
Hoje, segunda década do século XXI, a Imprensa Sindical continua a ser um fortíssimo pólo de informação dos trabalhadores. Pólo de informar, formar politicamente, disputar a visão de mundo dominante na sociedade. Instrumento essencial para levá-los à ação.
Melhorar nossa comunicação
Esse potencial de conquistar corações, mentes e braços para agir precisa sempre ser aperfeiçoado e incrementado. O Núcleo Piratininga de Comunicação investe no convencimento da centralidade da comunicação para disputar a hegemonia e na necessidade de sempre melhorá-la. Vamos enumerar alguns passos possíveis para tornar esta ferramenta cada dia mais afiada. Garantir um conteúdo que faça a disputa político-ideológica que a sociedade nos impõe.
1. Melhorar a qualidade dos nossos instrumentos. Torná-los mais atrativos, mais comunicativos.
2. Cuidar da linguagem. É preciso se fazer entender por todos, do pós-doutor a quem tem pouca escolaridade.
3. Aumentar o volume da nossa comunicação. O outro lado está com bilhões para nos atacar. Por isso aumentar o investimento em todo tipo de comunicação.
4. Fazer um grande investimento de massa para impor a democratização na distribuição dos canais de rádio e TV, das chamadas concessões públicas.
5. Enquanto isso, vamos usar e abusar da Internet: páginas, boletins eletrônicos, blogs, orkut, youtube, twitter ... Avançar no uso do rádio, sob todas as formas: rádios comunitárias, rádios livres, rádio-web, tudo.
Todos estes passos são necessários para a comunicação sindical cumprir seu papel de informar, formar e organizar os trabalhadores. Como nos ensinaram os mestres Lênin, Rosa, Gramsci e tantos outros.
Vito Giannoti – Escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC)