Dança das cadeiras e a correlação de forças na Câmara dos Deputados


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A Câmara dos Deputados que emergiu das urnas em outubro de 2006, apesar de renovada em torno de 48%, não sofreu grande mudança do ponto de vista partidário em relação às bancadas atuais assim como não houve alteração substancial da correlação de forças tendo por parâmetro o pleito de 2002.

Os partidos que mais perderam, tendo por referência as bancadas atuais, foram os três com maior número de parlamentares envolvidos nos escândalos do mensalão e das sanguessugas: PTB, PL e PP. O PTB perdeu 21 cadeiras, despencando de 43 para 22 deputados; o PL reduziu 14 vagas, desabando de 37 para 23 deputados, e o PP nove, caindo de 50 para 41.

Os ganhadores, ainda segundo a composição atual, foram o PMDB, que ampliou sua bancada em dez deputados, passando de 79 para 89; o PSDB, que pulou de 57 para 66 deputados; o PPS, que saltou de 15 para 22 deputados e o PV, que aumentou sua bancada de sete para 13 parlamentares.

Tendo por referência a eleição de 2002, os principais perdedores foram o PFL, que elegeu 19 deputados a menos, desabando de 84 para 65 deputados; o PP, que ficou menor em 12 cadeiras, despencando de 53 para 41 deputados; o PT, que caiu de 91 para 83 deputados; o PTB, que diminuiu sua bancada de 26 para 22 deputados; o PSDB, que desceu de 71 para 66; o PL, que reduziu sua bancada de 26 para 23 parlamentares; e o PTB e o Prona, que perderam quatro vagas cada, caindo, respectivamente, de 26 para 22 e de seis para dois.

Os partidos que mais ganharam em relação à eleição anterior foram o PV, que ampliou sua bancada em oito deputados, saltando de cinco para 13 parlamentares, o PSC, que também ganhou oito novos membros, pulando de um para nove deputados; o PPS, que subiu de 15 para 22 deputados; o PSB, que ganhou reforço de cinco novos membros, passando de 22 para 27; e o PDT, que aumentou sua bancada de 21 para 24 parlamentares.

No espectro ideológico, tendo como parâmetro o resultado das eleições de 2002, houve um pequeno crescimento da esquerda e centro/esquerda (PT, PSB, PDT, PPS, PCdoB, PV e Psol), apesar da redução em oito nomes da bancada do PT. No saldo geral, a esquerda e centro/esquerda cresceram 19 cadeiras, passando de 166 para 185, graças ao ganho de cadeiras do PPS, PV, PSB e PDT. O centro (PMDB, PSDB e PMN) caiu de 160 para 157. A centro-direita (PFL, PL, PTB, PSC, PTC, PHS, PAN e PRB) ficou menor, caindo de 137 para 126. A direita (PP, Prona, e PTdoB) também sofreu redução, caindo de 59 para 44 deputados.

A correlação de forças em relação ao Governo Lula, tendo como parâmetro a eleição de 2002, oscilou de 318 para 298, considerando que um eventual segundo Governo Lula mantenha na base: PT, PMDB, PSB, PP, PL, PTB e PCdoB. Na oposição de centro-esquerda (PPS, PV, PDT e Psol) houve crescimento, passando de 41 para 62, mas na de centro/centro-direita (PSDB/Prona e PFL) houve redução de 161 para 133, além de ter ficado concentrada regionalmente, respectivamente em São Paulo e na Bahia.

Num cenário de eleição de Geraldo Alckmin, a julgar pela vocação governista de partidos como o PMDB, PP, PTB e PL, a maioria será folgada, já que contará, além do PFL e do PSDB, com o apoio do PPS e do PV, totalizando 341 parlamentares. Portanto estarão não oposição apenas os partidos de esquerda/centro-esquerda: PT, PSB, PCdoB e PDT, que somam 172 deputados.

Em conclusão, pode-se afirmar que, mesmo tendo havido a substituição de 244 dos atuais 513 deputados, a composição partidária e a correlação de forças da futura Câmara se manterá praticamente inalterada. As principais alterações, que serão objeto de outro artigo, ficaram por conta do perfil sócio-econômico da Câmara dos Deputados.

Autor: Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e Diretor de Documentação do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Fonte: www.diap.org.br – 17/10/2006

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