Presidente da Bolívia diz que EUA conspiram contra seu governo


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O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a afirmar nesta quinta-feira que o governo dos EUA está por trás dos protestos e greves contra sua administração ocorridos no país nas últimas semanas.

"Políticas ditas de ajustes estruturais ou de neoliberais são guiadas pelos EUA. Especialmente nesse governo [americano], há uma conspiração, uma agressão contra nosso movimento, nosso governo", disse Morales.

"Aqueles que entraram em greve estão contra as políticas de Evo Morales, contra a nacionalização dos hidrocarbonetos, contra as novas leis de terras e a revolução agrícola", enumerou o presidente boliviano, após encontro com representantes de comunidades indígenas na Guatemala.

Durante sua passagem pelo país --uma escala antes de seguir viagem para Cuba e, em seguida, para os EUA--, Morales disse que vai resistir aos protestos de seus opositores.

Na terça-feira (12), já na Guatemala, Morales já havia dirigido acusações de um "complô" dos EUA contra o seu governo. "Eles [os EUA] querem que nossas políticas de mudança, de democracia, de mudanças que se dão com no voto do povo, fracassem."

Os EUA estariam por trás do complô, segundo o presidente boliviano, porque "não aceitam" a sua luta, mas advertiu que "o movimento popular, o movimento indígena e camponês [de seu país] está fortalecido e organizado para resistir".

Greve

Na semana passada, o presidente boliviano enfrentou uma ação grevista organizada por organizações cívicas e empresariais, partidos de direita e governos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, ligados a grupos conservadores.

Os grupo ligados ao ex-presidente de direita Jorge Quiroga, do partido Podemos (Poder Democrático e Social), que perdeu as eleições presidenciais para Morales por uma diferença de 54% a 28%, convocaram o protesto contra as supostas tentativas de Morales de ter hegemonia na Assembléia Constituinte, onde dispõe de maioria.

O movimento grevista rechaça a nacionalização dos hidrocarbonetos e a Assembléia Constituinte, onde Morales tenta, com maioria absoluta, ainda que insuficiente para formar os dois terços dos votos necessários para fazer reformas, aprovar uma nova Constituição que estabeleça a "refundação do país".

Morales --primeiro índio a ocupar o cargo de presidente em 181 anos de vida republicana-- considerou que a paralisação acontece devido ao "ódio e o desprezo ao movimento indígena originário". Ele disse que a atitude de alguns "setores que tentam marginalizar, de excluir, de odiar, de desprezar, tem de terminar".

Nacionalização

Morales também enfrenta resistência devido ao decreto, de maio deste ano, que nacionalizou as reservas de petróleo e gás natural do país.

As negociações entre a Petrobras e o governo boliviano encontram-se atualmente paralisadas.

O ex-chefe da superintendência, Víctor Hugo Sáinz, havia dito, poucos dias antes de ser demitido, que a nacionalização é um processo que deve levar até 20 anos. "O processo de nacionalização vai levar 10, 15, 20 anos e quem disser que vamos industrializar [o setor de hidrocarbonetos] em dois anos não sabe o que está falando. Está criando falsas expectativas, não sei por quais motivos", disse.

Pelo decreto, as petrolíferas estrangeiras em atuação no país tem 180 dias (a partir de 1º de maio) para regularizarem se adaptarem às novas condições de exploração e comercialização.

"A Petrobras havia oferecido investimentos de US$ 4,5 bilhões, mas como não especificavam os prazos, põe-se assim em tudo uma máscara. Essa quantia se pode investir em 10 ou 15 anos, não em um ano", disse. "Há que se ler nas entrelinhas."


Fonte: Folha OnLine – 14/09/2006 – www.folha.uol.com.br
Com agências internacionais

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