CUT faz parceria para defesa dos direitos dos brasileiros nos EUA


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A presidente da Organização Regional Interamericana de Trabalhadores e vice-presidente da central norte-americana AFL-CIO, Linda Chavez Thompson, visitou na manhã desta quinta-feira (25/05) a sede nacional da Central Única dos Trabalhadores, em São Paulo, onde foi recebida pelo presidente João Antonio Felício.

Linda esteve acompanhada pela representante do Centro de Solidariedade da AFL-CIO no Brasil, Terri Lapinski, e pelo assessor da entidade, Stanley Gacek.

O tema central do encontro foi o estabelecimento de uma parceria em defesa dos direitos dos imigrantes brasileiros que trabalham nos Estados Unidos, dando continuidade ao projeto de intercâmbio iniciado pelo companheiro Antonio Carlos Spis, diretor de Comunicação da CUT nacional, há cerca de dois anos em Boston.

Segundo Linda, que também é vice-presidente do Partido Democrata dos Estados Unidos, centenas de milhares de brasileiros, da mesma forma que salvadorenhos ou nicaragüenses naquele país, por desconhecimento do amparo a que teriam direito pela filiação sindical, tem medo de se exporem, ficando sem nenhuma cobertura legal frente aos desmandos empresariais.

“Vivem uma precarização total, sem qualquer proteção previdenciária ou mesmo o amparo do salário mínimo. Não relatam nenhuma infração empresarial, nem sequer ataques criminosos como abusos sexuais. Queremos desenvolver uma campanha conjunta com a CUT no sentido de esclarecer que eles têm o direito de se sindicalizar”, esclareceu.

Conforme a dirigente sindical norte-americana, grande parte dos brasileiros que trabalham nos EUA está localizada na região da Grande Boston, mas já também muitos compatriotas em Los Angeles e na Califórnia, exercendo funções fundamentalmente na área de serviços e da construção civil.

A luta contra a privatização do sistema de Previdência Social nos EUA, buscada insistentemente pelo governo Bush, foi relatada por Linda como um dos exemplos vitoriosos da mobilização sindical em seu país. “Nossa presença em alguns fundos de pensão proporcionou que fizéssemos uma pressão sobre os investidores, que inicialmente estavam apoiando a privatização. Organizamos piquetes em frente às agências de investimento e elas tiveram de recuar. Foi uma campanha estratégica onde pudemos canalizar o potencial dos fundos de pensão”, descreveu.

Outros temas como o Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial (Inspir), desenvolvido conjuntamente pela ORIT/AFL-CIO com a CUT, a Força e a CGT, e a luta contra abusos das multinacionais, sejam elas norte-americanas ou brasileiras, como o caso da Gerdau, fizeram parte da pauta.

João Felício destacou que logo após o 9º Concut a entidade irá encaminhar um projeto mais amplo, em comum com a AFL-CIO, de defesa dos direitos dos trabalhadores brasileiros nos EUA. “Assim como temos desenvolvido projetos com os companheiros que estão trabalhando no Japão e na Europa, precisamos ter um olhar mais presente para esta grande legião de brasileiros que encontra-se nos EUA, muitas vezes sem direito a nada e, conforme Linda descreveu, vivendo com medo”, declarou.

O presidente da CUT ressaltou ainda a profunda identidade com as preocupações e projetos abordados por Linda e defendeu que sejam estreitados os laços sindicais para campanhas de abrangência mundial. “Se cada central tocar sua luta de forma isolada, isso não causa maiores impactos às grandes empresas multinacionais. Mas, se unimos nossos esforços, numa campanha comum, ampliamos a pressão e construímos o caminho para maiores vitórias”, acrescentou.

Fonte: CUT nacional, por Leonardo Severo – 26/05/2006

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