As muitas faces da guerra de Bush


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Nas palavras do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a guerra do Iraque já terminou faz tempo. Durou apenas 42 dias - entre março e abril de 2003, custou a vida de alguns poucos soldados, e deixou um saldo de 7.312 civis iraquianos mortos.
Para o restante do mundo, porém, os números são outros. A guerra já matou mais de 40 mil pessoas (o estádio do Pacaembu lotado) e, no dia 18/03, chega ao seu terceiro ano, com uma média crescente de 36 mortes de civis por dia - a maior desde o início da chamada "ocupação", que registrou no primeiro ano 20, e no segundo, 31 mortes diárias.

Para lembrar o início da invasão do Iraque, naquele dia foram realizados protestos nos cinco continentes, pedindo mais uma vez a retirada das tropas do país. Como de costume, no Brasil, o Comitê contra a Alca, a Marcha Mundial das Mulheres e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) engrossaram marchas pelo país.

Nos Estados Unidos, as maiores manifestações são as encabeçadas pela organização não-governamental CodePink (Código Rosa, em inglês - uma brincadeira com as cores dos códigos de alerta de segurança contra o terrorismo: amarelo, laranja e vermelho). No Dia Internacional da Mulher, a CodePink conseguiu entregar na Casa Branca um abaixo-assinado com 100 mil nomes pedindo a retirada das tropas estadunidenses do Iraque.
Países que mantêm soldados no Iraque e os que já saíram
Vinte seis países ainda fazem parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos e Reino Unido, enquanto outros 16 já mandaram seus soldados de volta para casa. Até dia 6, os EUA - atualmente com 138 mil soldados em território iraquiano - já haviam perdido 2.304 deles, enquanto que o Reino Unido - com 8.900 militares - já contabilizava 103 mortes. Além desses dois, Coréia do Sul, Itália, Polônia, Romênia, Georgia, Dinamarca, Austrália, El Salvador, Azerbaijão, Mongólia, Albânia, Letônia, República Tcheca, Lituânia, Eslováquia, Armênia, Bósnia, Estônia, Macedônia, Cazaquistão e Fiji ainda mantêm soldados no Iraque. Bulgária, Ucrânia, Nicarágua, Espanha, Honduras, Noruega, República Dominicana, Filipinas, Tailândia, Hungria, Nova Zelândia, Portugal, Cingapura, Holanda, Moldávia e Tonga já retiraram suas tropas. Uma decisão, que segundo fontes do Ministério de Defesa do Reino Unido, ouvidas pelo jornal inglês The Sunday Telegraph, deve ser logo seguida por Bush e pelo primeiro-ministro britânico Tony Blair. Segundo o jornal, "o grosso das forças dos EUA e do Reino Unido será retirado simultaneamente" no primeiro semestre de 2007. Além das baixas fatais, os dois países já contabilizam cerca de 20 mil militares feridos no conflito - entre eles 5 mil mutilados.
Sunitas e xiitas - Uma onda de violência entre facções sunitas e xiitas se espalha pelo país já nos moldes de uma guerra civil. O histórico conflito étnico-religioso ganha combustível renovado com diversas explosões de carros-bomba desde o dia 12, que tiveram como estopim um atentado contra um santuário xiita, ocorrido dia 22 de fevereiro. Mesmo três meses após as eleições, a formação do novo governo ainda não se efetivou. Nem todos concordam que o primeiro-ministro interino, o xiita Ibrahim al-Jaafari, assuma o cargo à frente do novo governo, cujo mandato é de quatro anos. Pela primeira vez, os xiitas (60% da população) estão, de fato, com o poder nas mãos. À época de Sadam Hussein, eram os sunitas (20%) que monopolizavam as decisões.
Irã: a bola da vez - Grupos extremistas xiitas iraquianos, sob a infl uência do Irã, estariam incitando uma guerra civil no Iraque, vislumbrando o que antes da guerra seria impensável: a união do Irã e do Iraque sob uma hegemonia xiita. Isto, somado à recente ameaça do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de converter para euros a exportação de petróleo do seu país, faz do Irã - o quarto maior produtor de petróleo do mundo - o mais novo alvo dos EUA. A história se repete: Sadam Hussein fez o mesmo no Iraque antes de ter seu país invadido. E a desculpa é a mesma: o Irã estaria enriquecendo urânio para a fabricação de armas de destruição em massa. Neste caso, para ser específico, uma bomba atômica contra Israel - que ganha contornos mais dramáticos com a recente eleição do grupo islâmico Hamas.
(Marcelo Netto Rodrigues, do Jornal Brasil de Fato, edição nº 159)
Fonte: www.brasildefato.com.br

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