TRANSGÊNICOS- CUT comemora decisão do governo pela biossegurança
Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, Temístocles sublinhou “que o documento conjunto lançado pela CUT e pelo MST cumpriu seu papel para que o presidente Lula tomasse esta decisão” e também do evento ser “sediado no Paraná, Estado livre de transgênicos, onde o governador Requião vem tendo uma posição firme e decisiva no combate à multinacional Monsanto”.
O presidente Lula decidiu que a posição do Brasil é pela rotulagem, com o uso do termo “contém transgênicos”. Qual a importância desta definição?
A definição tem uma importância fundamental para o impasse colocado na última reunião do Protocolo de Cartagena, realizada em Montreal. Ao lado da biossegurança, os movimentos sociais, assim como as ONGs, elogiaram com ênfase a ministra Marina Silva pela posição assumida pelo governo. O documento conjunto lançado pela CUT e pelo MST cumpriu seu papel para que o presidente Lula tomasse essa decisão.
A evasiva “pode conter” na verdade seria uma camuflagem que só interessaria às multinacionais.
É evidente, porque se ficasse “pode conter” se abriria espaço para a contaminação das culturas convencionais e das culturas orgânicas. Havia o risco de que houvesse contaminação por transgênicos, como já foi identificado em 113 oportunidades pelo mundo afora. No México, por exemplo, uma cultura de soja transgênica contaminou a convencional e a destruiu. Isso está comprovado.
A decisão representa uma ruptura com a lógica estritamente comercial.
Claro, em vez de ficar só na lógica comercial, o governo foi além sublinhando o papel da biossegurança, derrotando o lobbie do agronegócio em prol das multinacionais.
O fato do evento estar sendo realizado na capital paranaense ajudou?
Com toda certeza tem ajudado e muito. É bom lembrar que o Paraná é um Estado livre de transgênicos, onde o governador Roberto Requião vem tendo uma posição firme e decisiva no combate à multinacional Monsanto. Em sua intervenção, o governador disse que o melhor é que o governo contém Marina Silva, porque adotou a melhor posição, enaltecendo e fortalecendo a posição da ministra. Requião levantou a platéia.
Quais os próximos passos, já que o governo norte-americano e as multinacionais tramam pelo “pode conter”?
Como o Brasil tomou esta decisão, eles estão usando os representantes da Colômbia, México, Paraguai e Peru para que se prestem à defesa do “pode conter”, que atende aos interesses de exploração e contaminação dessas multinacionais. Nós estamos articulando com os companheiros da Bolívia e da Venezuela para fazer a interlocução com a representação Argentina para que se some com a posição brasileira.
Hoje é o Dia Mundial do Consumidor, cidadão que precisa estar informado do que consome... É uma questão essencial este direito à informação, expresso na forma “contém”, que não deixa dúvidas para camuflagens ou mascaramentos de transgênicos, como querem as multinacionais. Na Europa, grande consumidora, há um repúdio generalizado aos transgênicos e a imposição da identificação vai auxiliar a que, à medida em que as pessoas não consumam determinados alimentos, forcem as empresas a não priorizar os transgênicos.
E a polêmica sobre o tempo de transição para que esta rotulagem seja aplicada aos produtos?
Quanto ao tempo que vai demorar para que essa posição possa ser implantada, a negociação prossegue.
Por: Leonardo Severo
Fonte: www.cut.org.br