TRANSGÊNICOS- CUT comemora decisão do governo pela biossegurança


icone facebook icone twitter icone whatsapp icone telegram icone linkedin icone email

O coordenador da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CUT, Temístocles Marcelos Neto, comemorou a decisão do governo brasileiro de defender o termo “contém transgênicos”, em vez do “pode conter”, na rotulagem dos carregamentos transfronteiriços de organismos vivos, debatida na Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que está sendo realizada em Curitiba.

Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, Temístocles sublinhou “que o documento conjunto lançado pela CUT e pelo MST cumpriu seu papel para que o presidente Lula tomasse esta decisão” e também do evento ser “sediado no Paraná, Estado livre de transgênicos, onde o governador Requião vem tendo uma posição firme e decisiva no combate à multinacional Monsanto”.

O presidente Lula decidiu que a posição do Brasil é pela rotulagem, com o uso do termo “contém transgênicos”. Qual a importância desta definição?

A definição tem uma importância fundamental para o impasse colocado na última reunião do Protocolo de Cartagena, realizada em Montreal. Ao lado da biossegurança, os movimentos sociais, assim como as ONGs, elogiaram com ênfase a ministra Marina Silva pela posição assumida pelo governo. O documento conjunto lançado pela CUT e pelo MST cumpriu seu papel para que o presidente Lula tomasse essa decisão.

A evasiva “pode conter” na verdade seria uma camuflagem que só interessaria às multinacionais.

É evidente, porque se ficasse “pode conter” se abriria espaço para a contaminação das culturas convencionais e das culturas orgânicas. Havia o risco de que houvesse contaminação por transgênicos, como já foi identificado em 113 oportunidades pelo mundo afora. No México, por exemplo, uma cultura de soja transgênica contaminou a convencional e a destruiu. Isso está comprovado.

A decisão representa uma ruptura com a lógica estritamente comercial.

Claro, em vez de ficar só na lógica comercial, o governo foi além sublinhando o papel da biossegurança, derrotando o lobbie do agronegócio em prol das multinacionais.

O fato do evento estar sendo realizado na capital paranaense ajudou?

Com toda certeza tem ajudado e muito. É bom lembrar que o Paraná é um Estado livre de transgênicos, onde o governador Roberto Requião vem tendo uma posição firme e decisiva no combate à multinacional Monsanto. Em sua intervenção, o governador disse que o melhor é que o governo contém Marina Silva, porque adotou a melhor posição, enaltecendo e fortalecendo a posição da ministra. Requião levantou a platéia.

Quais os próximos passos, já que o governo norte-americano e as multinacionais tramam pelo “pode conter”?

Como o Brasil tomou esta decisão, eles estão usando os representantes da Colômbia, México, Paraguai e Peru para que se prestem à defesa do “pode conter”, que atende aos interesses de exploração e contaminação dessas multinacionais. Nós estamos articulando com os companheiros da Bolívia e da Venezuela para fazer a interlocução com a representação Argentina para que se some com a posição brasileira.

Hoje é o Dia Mundial do Consumidor, cidadão que precisa estar informado do que consome... É uma questão essencial este direito à informação, expresso na forma “contém”, que não deixa dúvidas para camuflagens ou mascaramentos de transgênicos, como querem as multinacionais. Na Europa, grande consumidora, há um repúdio generalizado aos transgênicos e a imposição da identificação vai auxiliar a que, à medida em que as pessoas não consumam determinados alimentos, forcem as empresas a não priorizar os transgênicos.

E a polêmica sobre o tempo de transição para que esta rotulagem seja aplicada aos produtos?

Quanto ao tempo que vai demorar para que essa posição possa ser implantada, a negociação prossegue.

Por: Leonardo Severo

Fonte: www.cut.org.br

« Voltar