Mulheres negras repudiam imagens da minissérie JK da TV Globo


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Lideranças do movimento de Mulheres Negras estiveram, semana passada, em Brasília para entregar às Ministras da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, o Manifesto de Protesto contra a Rede Globo de Televisão. O manifesto repudia imagens veiculadas na minissérie JK, em que mulheres negras são estupradas e espancadas.

A presidente da Casa de Cultura da Mulher Negra, Alzira Rufino, que iniciou o debate sobre o assunto, pela Internet, no dia 11 de janeiro, entregou o manifesto, com adesão de 157 entidades do movimento de mulheres negras e de direitos humanos.

No documento, Alzira Rufino solicita que as autoridades manifestem desacordo com a exibição das cenas da minissérie JK. "Queremos que a Rede Globo tenha uma política de resgatar a história da mulher negra, porque a juventude não pode ter essa visão das mulheres como estão sendo representadas na televisão.

Temos de mostrar as histórias daquelas que resistiram à opressão. No momento em que o movimento negro se mobiliza pela implementação da Lei 10.639, que inclui o ensino da Cultura Africana no currículo oficial da rede de ensino, a Rede Globo não pode prestar este desserviço à metade da população deste país que é afrodescendente", afirma a presidente.

A titular da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, disse que encaminharia o manifesto à Ouvidoria da SPM, para que estude o assunto e as medidas que possam ser adotadas para atender o movimento de mulheres negras. Segundo a ministra, houve também encaminhamento ao Ministério da Justiça para que faça uma avaliação desta solicitação.

"Não discuti esse assunto com pessoas do governo, disse Nilcéa, mas gostaria de dar minha opinião. Não temos ainda a possibilidade de acionar um termo de ajuste de conduta, mas proponho que estabeleçamos um diálogo entre o movimento e a TV Globo através da área com a qual mantemos contato e discussão que é o Departamento de Merchandising Social, chefiado por Luiz Erlanger, com o qual temos mantido um diálogo franco e aberto. Proponho-me a isso e também de dar as respostas formais que o documento solicita. Além disso, não posso me pronunciar porque ainda não fiz uma discussão de governo sobre o assunto", disse Nilcéa Freire.

Para a titular da Seppir, Matilde Ribeiro, "enquanto Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, concordamos com muitas das reflexões feitas pela sociedade civil em relação à invisibilidade da população negra, das mulheres negras, a incitação de situações que contribuem com a discriminação. Mas, assim como a ministra Nilcéa não tenho um posicionamento de governo a apresentar-lhes".

"Entendo que essa condução do debate no campo da comunicação é um caminho importante. O canal que a Secretaria de Políticas para Mulheres tem na Rede Globo é o mesmo da Seppir. Fui apresentada ao Erlanger, em 2003, para discutir o projeto A Cor da Cultura e este canal ficou aberto e construído para várias ações. Muitos dos debates coloco diretamente ao Erlanger e acho possível aprofundarmos nesse processo. Sou cidadã, assisto televisão e tinha conhecimento desta situação. A questão já está na Ouvidoria da Secretaria, mas tudo é um processo e os encaminhamentos estão aqui postos".

Após o pronunciamento das Ministras, a presidente da Casa de Cultura da Mulher
Negra, Alzira Rufino, informou que já foram acionados advogadas/os para que estudem os caminhos jurídicos possíveis para o caso, solicitando reparação e também pleitear uma reunião com a direção da TV Globo através do movimento social.

ADITAL- Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
www.adital.com.br - 10.02.06

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