Geap está sem presidente
A Fundação de Seguridade Social (Geap), maior gestora de programas e planos de planos de saúde para servidores públicos federais, decidiu exonerar a diretora-executiva Regina Parizi.
Reunido na última sexta-feira, 20/11, o Conselho Deliberativo (Condel) da entidade votou e aprovou o pedido de demissão apresentado por Parizi na semana passada. Divergências técnicas e pressões políticas motivaram a saída da executiva que estava à frente da fundação desde 2003.A ex-diretora colocou o cargo à disposição por discordar da forma como foram feitas uma série de auditorias internas. Funcionários ouvidos pelo Correio informaram que Parizi questionou os critérios adotados nas investigações e teria discordado dos resultados envolvendo gerências regionais da Geap.
As investigações tiveram início em 2005 e vinham sendo discutidas pelo Condel, órgão máximo da fundação. Em nota, a Geap informou que o atual diretor de Administração e Finanças, Josemar Pereira dos Santos, responderá interinamente pela diretoria-executiva.
Nos últimos anos, a insatisfação de parte dos usuários e as dificuldades em fechar as contas obrigaram a fundação a iniciar um agressivo processo de reorganização. Foram revistas parcerias e contratos.
A fórmula de rateio aplicada aos planos de saúde também foi atualizada, o que desagradou os associados — que tiveram de pagar proporcionalmente a mais para incluir dependentes nos planos de saúde. Ainda não há uma definição sobre quem substituirá definitivamente a antiga dirigente. Cabe ao governo a indicação do novo diretor-executivo.
Nos bastidores, a queda de Parizi vem sendo atribuída a disputas políticas e à sucessão no Partido dos Trabalhadores. A Geap é uma entidade fechada de previdência complementar sem fins lucrativos e, apesar de atuar como instituição privada, sofre grande influência política. A entidade conta com 700 mil associados e tem 25 mil prestadores de serviço em todo o país. Os planos oferecidos não fazem distinção de idade.
Ângelo Luís dos Santos Neri, presidente da Associação Nacional dos Empregados da Geap (Anesg), disse que a demissão pegou a todos de surpresa. “Vemos com preocupação e intranqüilidade. A casa tem de andar”, resumiu.
Segundo ele, enquanto esteve na Geap, Regina Parizi desempenhou papel técnico e político. “Ela tinha boa penetração no Congresso Nacional. Aqui na Geap, o dirigente precisa ter os dois perfis”, completou.
Procurada pelo Correio, a Geap não se manifestou. Regina Parizi não foi encontrada.
Julgamento
Em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar uma das ações mais importantes para o futuro da Geap. O julgamento, empatado em um voto favorável e um contra, foi suspenso por um pedido de vista feito pelo ministro Ricardo Lewandowski. A ação em análise impede a entidade de firmar parcerias sem licitação com órgãos diferentes daqueles que a instituíram. Se o STF barrar os convênios, cerca de 250 mil pessoas ficarão sem cobertura.
Levantamento
O processo de auditoria interna por que passou a Geap é uma prática normal entre grandes organizações empresariais, incluindo planos de saúde, que periodicamente têm suas atividades averiguadas sob a ótica de regras de controle apropriadas à gestão. As auditorias também podem ser externas, quando realizadas por profissionais sem relação direta com o órgão ou a empresa analisados.
FONTE: Correio Braziliense