Julho das Pretas - Resistência e Celebração da Mulher Negra Afro Latina Americana e Caribenha
Por Débora Almeida
Em um Brasil que ainda luta contra as profundas marcas do racismo e da desigualdade, o “Julho das Pretas” emerge como um mês crucial para a reflexão, resistência e celebração da mulher negra afro latina americana e caribenha. Instituído pelo movimento de mulheres negras e feministas, essa campanha busca não apenas dar visibilidade às suas lutas, mas também reconhecer suas inestimáveis contribuições à sociedade.
As mulheres negras brasileiras têm uma história marcada pela resiliência. Desde os tempos da escravidão, passando pela abolição e chegando aos dias atuais, elas enfrentaram e continuam a enfrentar desafios gigantescos. Ainda hoje, são as principais vítimas da violência, da discriminação no mercado de trabalho e do acesso desigual à educação e saúde.
O “Julho das Pretas” teve início em 2013, por iniciativa do Odara - Instituto da Mulher Negra, com o objetivo de destacar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. Este dia também marca o aniversário de Teresa de Benguela, uma líder quilombola que simboliza a resistência e a luta das mulheres negras contra a opressão.
É inegável a força dessas mulheres. Elas são líderes comunitárias, empreendedoras, acadêmicas, artistas e ativistas que, apesar de todas as adversidades, constroem um Brasil mais justo e igualitário. O “Julho das Pretas” é um tributo a todas elas, àquelas que vieram antes, às que estão aqui e às que ainda virão.
Em 2024, o tema central das atividades do “Julho das Pretas” é “Mulheres Negras no Centro do Desenvolvimento Sustentável”. O objetivo é destacar o papel fundamental das mulheres negras na construção de uma sociedade sustentável e justa, abordando temas como o direito à terra, a economia solidária, a preservação ambiental e a justiça social.
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. A representatividade das mulheres negras em espaços de poder e decisão é insuficiente. Os índices de violência continuam alarmantes, e a discriminação racial permanece como um obstáculo diário. O “Julho das Pretas” serve como um lembrete poderoso de que a luta pela igualdade e justiça é contínua e precisa do engajamento de toda a sociedade.
O “Julho das Pretas” não é apenas um mês de celebração; é um chamado à ação. É um momento para reconhecer a importância das mulheres negras, valorizar suas histórias e fortalecer suas vozes. Ao celebrarmos suas conquistas e refletirmos sobre os desafios que ainda persistem, caminhamos juntos na construção de um Brasil mais inclusivo e igualitário.
Que este mês inspire a todos a abraçar a causa da igualdade racial e de gênero, não apenas em julho, mas em todos os dias do ano.
Porque a luta das mulheres negras é a luta de todos nós.