Vagas do Enem dos Concursos representam menos de dez por cento da necessidade de servidores
Desde 2016, o Estado brasileiro perdeu 70 mil profissionais. A taxa de reposição de funcionários públicos federais, que é a conta dos que saíram, como aqueles que se aposentaram, e os novos, que chegaram para repor esse pessoal, em 2016 era de 100%. Mas desde então, ano a ano, ela está em franca queda. Em 2019 chegou a 23%, em 2021 ficou em 35%, e agora está em 66%.
Um dos motivos para essa taxa de reposição baixa é a queda na abertura concursos públicos - por excelência a forma de contratação da administração pública, além do congelamento de salários para cargos comissionados, criando um efeito de debandada de profissionais para o setor privado de 2016 em diante, quando o país passa a ser governado por sucessivos governos neoliberais - Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Um caso emblemático dos últimos anos é a fila do INSS. A falta de pessoal fez com que no início de 2023 mais de 1 milhão de pessoas aguardassem para fazer a perícia. O Concurso Unificado é uma das etapas do processo de reforma administrativa proposta pelo governo Lula. Ficou para o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos está preparando um pacote de medidas para substituir a PEC 32, que trata da reforma administrativa do governo anterior.
Muito trabalho, poucos funcionários. Essa conta tem um efeito direto, e muito preocupante, sobre aqueles poucos servidores que estão na ativa. Um tem de fazer o trabalho de dois, três, e isso já está se refletindo em sobrecarga, exaustão, e adoecimentos como burnout. As vagas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) devem tirar parte das políticas públicas da paralisação, mas ainda é insuficiente.