Sindsprev se une à CUT e MNU em protesto por professor vítima de racismo no Armazém Coral


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por Martihene Oliveira

Na manhã desta quarta-feira (17), o Sindsprev e seu Núcleo de Combate ao Racismo, junto à CUT e diversas entidades sindicais mais o Movimento Negro Unificado de Pernambuco (MNU-PE) estiveram presentes na frente do Armazém Coral Achaqui, localizado na Av. Getúlio Vargas, em Bairro Novo, Olinda, para um protesto que exige retratação do estabelecimento e seus empresários em relação ao ato de racismo contra o professor Eduardo Nogueira, acontecido no dia 6 de janeiro deste ano, quando o mesmo foi acusado de ter furtado um produto do estabelecimento.

Segundo o professor, após comprar uma boia no local, o mesmo foi constrangido pelo gerente e um segurança da loja a abrir sua mochila, mesmo apresentando a nota fiscal e a sacola do estabelecimento que estavam em suas mãos: 

“Meu sentimento é de repúdio diante da minha integridade. Nunca roubei, nem matei e nem fiz nada de errado para isso ter acontecido. Fui acusado pelo gerente e pelo segurança de ter roubado o produto da loja e eu não roubei nada. Eu provei a eles que estava com a sacola da própria loja e com a nota fiscal, mesmo assim, ele queria que eu abrisse a mochila e mostrasse o produto que estava dentro dela, eu pedi para que chamasse a polícia e chamasse também alguém de testemunha para mim. Aí apareceu Betânia e Alexandre, seu esposo, clientes da loja, que serviram de testemunhas. Foi quando eu coloquei a mochila na mesa, tirei as coisas de dentro dela e não tinha nada da loja porque eu não roubei, a não ser o produto que eu paguei e que estava com a nota fiscal”. 

 

Foto: Martihene Oliveira/Sindsprev-PE

Para Eduardo, houve negligência no atendimento da polícia, que só chegou ao local da ocorrência após 5 horas de espera da vítima, “eu achei estranho o atraso da polícia, o primeiro registro foi às 11h09, e polícia só chegou depois das 16 horas. Se fosse o contrário? Hoje, aqui neste ato, a gente chega e tem diversas viaturas aqui, porque não tiveram essa mesma urgência para atender a minha denúncia?”, disse.

O advogado da vítima, informou que teve acesso às imagens da câmera de segurança e que não há nenhum sinal que possa ser subentendido que Eduardo estaria cometendo um crime. “Ao todo, cinco pessoas foram demitidas, mas o que queremos não é a demissão dos funcionários, o segurança, por exemplo, um homem negro, exerceu seu papel conforme foi orientado pela funcionária que operava as câmeras de vigilância. Nós queremos retrataçao do Armazém Coral com uma política de capacitação dos funcionários e de combate à discriminação racial, bem como a indenização para o professor”, afirmou o jurista. 

O presidente do MNU-PE, Adeildo Araújo, reforçou a importância da punição aos racistas através da lei e exigiu uma atitude educativa do Armazém Coral com direito à formação dos funcionários. Para a prefeitura de Olinda, ele exigiu o cumprimento da lei 6.154/2021 que institui a semana da educação pela igualdade racial e também da lei 14.532/2023 que tipifica como crime racial a injúria racial, com pena de 2 a 5 anos de prisão. 

Adeildo Araújo, presidente do Movimento Negro Unificado de Pernambuco (MNU-PE)

Foto: Martihene Oliveira/Sindsprev-PE

 

Quem também se pronunciou foi o secretário de combate ao racismo, Gilson Góes, representando a CUT-PE, “estamos aqui para condenar atos racistas como esse com relação a toda a classe trabalhadora. Hoje foi um professor, poderia ser qualquer outro trabalhador e trabalhadora, nossa luta é para que tenhamos na classe trabalhadora núcleos antirracistas e buscamos articular esses núcleos com as entidades sindicais”.


Gilson Góes, Secretário de Combate ao Racismo - CUT-PE

Foto: Martihene Oliveira/Sindsprev-PE

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