Dia 24 teremos mais um Fora Bolsonaro para derrotar a reforma administrativa
No próximo sábado, dia 24 de julho, teremos mais um dia nacional de mobilização contra o presidente Jair Bolsonaro. No Recife, a concentração do ato deverá ser às 9h na Praça do Derby, mas informações mais precisas serão confirmadas ao longo da semana. Apesar do tema central dos inúmeros protestos ser a necessidade da garantia de vacinação para todos, a verdade é que os desmandos desse governo são tantos e nas mais diferentes áreas sociais, que é necessário unir em um só grito o “Fora Bolsonaro” contra as pautas neoliberais e derrotar projetos que não privilegiem o povo brasileiro.
O ataque desse governo e seus generais não se centralizam apenas na parte da cadeia social mais fragilizada. Retirar conquistas da classe média - incluindo aqui os servidores públicos federais - faz parte da estratégia de uma política genocida, que pretende matar não apenas através do vírus e da fome, mas especialmente asfixiar o projeto de uma nação democrática forte, justa e igualitária. A situação é tão absurda que até mesmo a direita clássica brasileira - formada por partidos como PSDB, MDB, DEM e MBL - tem se juntado ao campo progressista para levantar a bandeira do Fora Bolsonaro.
Nós, enquanto entidade representativa de trabalhadores do serviço público federal, não temos fugido da luta, tendo como uma das nossas pautas centrais a derrubada da PEC 32/2020. Mas outras pautas antineoliberais também estão no escopo de nossa revolta, como a revogação do Teto dos Gastos, a taxação das grandes fortunas, a distribuição de renda como política de estado e o fortalecimento dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Assim, neste momento de intensificação das mobilizações, com o depoimento dos irmãos Miranda vinculando diretamente Bolsonaro a caso de corrupção de compra de vacinas, é necessário que as manifestações ‘Fora Bolsonaro’ apresentem alguns pontos que nos distinguem para não corrermos o risco de sucumbir nossos interesses enquanto entidade de defesa dos trabalhadores do serviço público federal.
Não podemos ir para as ruas apenas e tão somente com a consigna ‘Fora Bolsonaro!’. As manifestações de 19 de junho demonstraram a insuficiência da pauta, já que dois dias depois foi aprovada a privatização da Eletrobras. É necessário unir as pautas ‘Fora Bolsonaro’ com as pautas antineoliberais, sob o risco de acumularmos politicamente para a direita clássica com os atos de rua. Mas a junção das pautas é importante não apenas por isso!
É necessário unir as pautas para engajar bases sindicais do serviço público, das empresas estatais, dos sindicatos de uma maneira geral, bases de movimentos sociais por moradia, por reforma agrária, entre tantas outras que até o momento não se animaram em arriscar suas vidas apenas pela pauta ‘Fora Bolsonaro’.
É importante destacar ainda que a PEC 32, conhecida como reforma administrativa, é estratégica para o neofascismo e para o neoliberalismo, pois destrói o serviço público e permite o aparelhamento de Estado por governos escusos. Apenas para exemplificar, a PEC 32 acaba com dois critérios objetivos no serviço público: a entrada e a saída, ou seja, concurso público e estabilidade, permitindo que nomeações e exonerações do governo de plantão possam ser feitas sem qualquer critério objetivo. Infelizmente, esta PEC já está na Comissão Especial da Câmara e com previsão de votação em setembro, logo depois do recesso.
A reforma administrativa, caso aprovada, será o fechamento de um ciclo neoliberal, motivo principal do Golpe de 2016. Já foi a Emenda do Teto dos Gastos, reformas trabalhista e previdenciária, PEC Emergencial, privatização da Eletrobras, Independência do Banco Central, entre outras medidas.
A tramitação e possível aprovação da reforma administrativa é um exemplo concreto de que não podemos dissociar as pautas. Fora Bolsonaro e Mourão e toda sua política neoliberal, dentre elas a reforma administrativa, deve ser uma das várias pautas das mobilizações do mês de julho, seja pelo alinhamento político, seja para termos mais pessoas nas ruas. Ao associar o fim deste Governo com o fim da sua política ajudaremos a moldar mais e melhores condições para reconstruir o Brasil.