Presidente do INSS culpa servidores pelo desmonte da autarquia


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Nesta última semana, nós, servidores e servidoras do INSS, tivemos que ouvir do presidente do instituto, Leonardo Rolim, que “o servidor tem que produzir mais e melhor”, numa tentativa clara de culpabilizar os funcionários públicos pelos atrasos nos processos que aguardam análise e do sucateamento da autarquia, durante uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. A diretoria do Sindsprev-PE repudia veementemente esta postura, pois sabemos que o Instituto Nacional de Seguridade Social tem diversos problemas estruturais provocados pela falta de investimento em pessoal e nas estruturas físicas da instituição.

Durante os 30 anos do INSS, seguimos sobrevivendo às tentativas de desmonte e privatização do sistema previdenciário, das contra reformas que foram feitas nas legislações trabalhista e previdenciária e dos ataques realizados por diversos governos, que nesse momento se aprofunda com propostas em curso que visam entregar a Previdência Social para o capital financeiro, mediante o regime de capitalização individual. O INSS atravessa a mais grave crise da sua história.

Além da infeliz declaração e do histórico de ataques, este mês Rolim já sinalizou que não deve contratar novos servidores, mesmo diante da falta de equipamentos e problemas nos sistemas de lógica operacionais. Sabe-se que o INSS precisa hoje de pelo menos 23 mil novos servidores para atender a demanda estimada em aproximadamente 1,8 milhão de processos represados na fila virtual, e outros milhares em análise.

As políticas de gestão por produtividade e metas do INSS, as condições precárias de trabalho, a lentidão dos sistemas, a insegurança jurídica e principalmente a insuficiência de servidores são os reais problemas que impossibilitam atender à demanda da autarquia.

Mesmo sem as devidas condições de trabalho, os servidores e servidoras do INSS se esforçam para reconhecer o direito de milhares de pessoas que dependem dos benefícios previdenciários. Centenas de servidores(as) denunciam que estão trabalhando jornadas de até 15 horas por dia, devido ao assédio moral institucional de cobrança de metas inatingíveis.

Não são raras as situações em que os servidores do instituto trabalham em finais de semana, feriados e inclusive à noite, colocando em risco sua saúde e vida. A gestão do INSS tenta impor aos já desgastados e adoentados servidores do instituto toda a responsabilidade pelo caos institucional que impera no órgão.

Para os servidores e servidoras da autarquia, essenciais na vida de tantos brasileiros e brasileiras, é preciso que entendam de uma vez por todas que, com afirmações como estas, de culpabilização aos servidores(as) por problemas que são estruturais, reitera-se com clareza quem está à frente do INSS. Rolim precisa assumir o papel de administrar a política previdenciária e não servir de fantoche para ideologias partidárias que pretendem destruir o INSS e o Brasil enquanto a privatização e o regime de capitalização se constroem nos bastidores.

Para evitar responder judicialmente pela situação de descaso na gestão do Instituto, o presidente do INSS assinou um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para cumprimento de prazos na concessão de benefícios. Porém, tais prazos são impossíveis de serem cumpridos e, nesse caso, a gestão do INSS jogará toda a responsabilidade sobre as costas dos servidores, ao invés de contratá-los. Em 2019, quase 65% dos servidores(as) se afastaram do trabalho por adoecimento.

É importante lembrar ainda que o presidente do INSS já afirmou em diversas ocasiões que novos funcionários devem ser contratados sob “novas regras”, insinuando que essas contratações só devem acontecer após a aprovação da Reforma Administrativa, que virá com a retirada de diversos direitos.

Nós, do Sindsprev em Pernambuco, repudiamos quaisquer tentativas de responsabilizar os competentes profissionais que enfrentam o desmonte do INSS, a política genocida e negacionista do governo, e prestam serviços públicos atendendo a milhões de brasileiros, a exemplo de milhares de outros, honrando a função pública. Além de repudiar, exigimos melhores condições de trabalho, por concurso público e contra o desmonte da instituição. Os servidores do INSS merecem respeito!

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